fbpx

Empreendedorismo: a liberdade de lidar com a liberdade

Querer receber a oportunidade de oferecer o que tem de melhor dentro de nós mesmos, independente da área da vida, é uma das razões que nos mantêm vivos e com vontade de desenvolver, principalmente, habilidades profissionais. 

Queremos nos sentir úteis, vivos, queremos fazer valer o nosso dia e claro – a nossa vida. E aí é que eu me perguntei: quem foi que disse que temos que ter a aprovação de alguém para nos sentirmos dessa forma?

Eu vivi uma situação quando era funcionária de uma grande empresa, que foi um dos propulsores pra eu empreender e, não ter que lidar com nãos sobre as minhas ideias. Mal sabia que uma grande dose de aprendizado também estava aí nessa situação. 

Mas vá lá, vamos descascar essa fruta com calma. 

Fui chamada pela minha antiga líder para construir um projeto de sustentabilidade para mudar toda a comunicação com os funcionários e ainda com os clientes da empresa (eram mais de 30 mil na época e mais 5 mil funcionários). Uau. Seria algo grande. E eu estava à frente de tudo, que responsabilidade. 

Passei as próximas duas semanas estudando, fui parar na biblioteca, nos laboratórios de engenharia da Universidade… ih, construí o projeto com mais do meu 100%. 

A proposta do projeto fazia muito sentido pra mim e o impacto de cada ação planejada, seria incrível, muito mais do que apenas números economizados em luz, água ou no plano de saúde da empresa. 

Nesse meio tempo é claro que eu não desenvolvi tudo sozinha. Contei com a ajuda de mais dois colegas que montaram a apresentação e somaram com ideias de como eu poderia expor e montar o que havia planejado. O que foi fundamental, provavelmente o projeto não seria viável sem os conselhos que recebi

Pois bem, exatas três semanas depois, fomos lá!

Eu, minha líder na época e outro colega apresentar o projeto para a grande diretoria. Um hora e meia depois, elogios daqui, palmas dali… ouvimos o decreto final:

“Achamos incrível, era isso mesmo que precisávamos. Vamos implementar sem dúvida. Em algum momento.”

Eu sei. Você sabe. Todo mundo sabe como isso funciona. Mas doeu ouvir aquilo enquanto o diretor guardava o projeto na gaveta. 

Nesse mesmo dia voltei furiosa pra casa. Não queria mais saber de investir em mim, no meu conhecimento, e o meu tempo e não conseguir expandir. 

Disse ao meu marido, p* da cara:

“Chega. Não aguento mais! São horas, dias, noites, ideias… todo o meu tempo dedicado em quem me coloca na gaveta em um dos projetos mais importantes que já fiz?”

Tomei a decisão ali que eu iria definitivamente largar a CLT e empreender de vez. Desse dia até hoje se passaram oito anos. Comecei a empreender há onze anos. E tenho convicção que foi uma das melhores decisões que eu já tomei na minha vida. 

Aprendizados que gostaria que me falassem antes

Esse episódio me trouxe muitas lições e, além é claro de, compartilhar um pouco do início da minha jornada empreendedora contigo, eu quero te dizer algumas coisas que gostaria de ter ouvido de alguém:

Comece olhando para o seu porque não para o dinheiro ou para o padrão

Você é comunicador (relações públicas, publicitário, jornalista, marketing) e na hora de empreender pensa em abrir: agência.

Você é médico, nutricionista, psicólogo e na hora de empreender pensa em abrir um consultório. 

Você é educadora física, fisioterapeuta, professora de yoga e na hora de empreender… uma academia ou um estúdio. 

Saia do óbvio. E não é pelo clichê. O mundo já tá cheio de gente que faz isso. Em dois ou três anos você vai estar procurando alguém pra te ajudar, como um sócio ou um gerente – ou porque vai estar quebrando ou porque vai querer abrir outra e não dá conta sozinho/sozinha.

Aí entra outra lição que eu gostaria de ter ouvido… 

Empreender não significa começar do zero, colocar o seu nome

Já tem muita gente boa fazendo muita coisa maravilhosa por aí. Já pensou em deixar o ego de lado e buscar quem ta precisando da sua ajuda? 

Busque pessoas que já começaram há alguns meses, há um ano, há três anos. Todos os empreendedores e empreendedoras que eu conheço precisam de algum tipo de ajuda. 

Ajuda pra somar é claro. Ofereça o seu tempo, seu conhecimento, se ofereça para ser sócio… faça parte. 

Se junte à quem já vem caminhando há mais tempo que você. Nem sempre precisa começar do zero. 

E por fim, mas nunca menos importante…

Tenha sempre muito claro o motivo pelo qual você resolveu empreender

Te falo não só pelo motivo ou propósito que o seu negócio tem ou vai ter. As vezes, por isso ser só uma revolta ‘contra o sistema’, você pode desanimar logo. 

Autoconhecimento é tudo.Se, tudo o que há na rotina de uma pessoa empreendedora te assusta mas você é seduzido ou seduzida pelo fato de ter flexibilidade de horários, férias quando quiser e claro ‘fazer o que ama’. Cuidado para não tomar uma decisão antes da hora.

Lembra que eu queria empreender para “não ter que lidar com nãos sobre as minhas ideias”, se esse tivesse sido o único motivo que me guiou ao empreendedorismo, eu não estaria aqui. Um revolta não é capaz de lidar com todos os desafios que ganhamos de presente da vida (melhor chamar assim, né?) para evoluir. 

Há muito mais envolvido. É uma nova vida, um sentido novo e normalmente contrário de tudo o que te falaram até então. É maravilhoso. Mas também é ruim. É incrível. Mas também cansa. É insubstituível. Mas desanima de vez em quando. 

Tipo a vida. Um montanha-russa de acreditar e não acreditar nas suas ideias e sonhos. 

O que eu posso te falar é que quando eu me dei a oportunidade de realizar o que eu queria, eu pude entender que eu realmente conseguia (até muito mais) do que eu imaginava.  E isso me deu uma força muito grande. 

Empreender é acreditar em si e ter a consciência que quem bota na gaveta, ou não, é você. Se isso é bom ou não, também é você quem decide. 

Está preparada ou preparada para a liberdade de lidar com a liberdade? 🙂